Importância do desenvolvimento socioemocional nas escolas, funcionamento do cérebro para melhorar a aprendizagem e geração P foram alguns dos principais pontos da conversa
Passado mais de um ano da pandemia de covid-19, é possível traçar um cenário das marcas que o distanciamento social deve provocar na educação. Seja na estrutura da escola, nas metodologias ativas de ensino que ganham força ou ainda nos aspectos socioemocionais que também devem ser mais incorporados no debate escolar, é inegável o fato que existe um legado desse período vivido pela humanidade.
Para além da dor, das dificuldades e dos desafios vividos, a necessidade de se manter distante modificou, fez avançar ou ainda repensar várias das interações sociais mudando hábitos, comportamentos e costumes. É justamente sobre essas marcas da pandemia na educação que abordamos no primeiro.. episódio da temporada do podcast Escolas do Agora, a mais nova produção do Educacional – Ecossistema de Tecnologia e Inovação.
Para dialogar sobre o assunto, o Educacional recebeu o professor Júlio César Luchamann que é mestre em educação e doutorando em emoção e cognição e Alvaro Cruz, apaixonado por inovação, atualmente vice-presidente do Educacional. A conversa foi mediada pelo professor Edson Santos e contou com a participação da jornalista Raphaella Caçapava.
ENTENDER O FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO AJUDA A MELHORAR O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Luchmann explicou que mais do que intervir no cérebro quando ele não funciona bem, os professores podem contribuir para a organização do sistema nervoso dos alunos e, portanto, nos comportamentos que eles apresentarão durante a vida, entretanto, para isso, é preciso compreender como o cérebro aprende.
LEIA DESENVOLVER HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NUNCA FOI TÃO IMPORTANTE
“Aqui a emoção ganha papel de destaque porque ela é 50 vezes maior anatomicamente do que a área destinada ao pensamento lógico racional. Portanto, trabalhar os aspectos emocionais dos alunos é fundamental para o educador que deseja melhorar o processo de ensino-aprendizagem”, destacou.
Já parou para pensar como funciona o cérebro do aluno e como ele está relacionado ao processo de aprendizagem? Confira os cinco aspectos fundamentais!
- Emoção
Parte importante do sistema emotivo do cérebro, a amígdala tem relação direta com a aprendizagem. Portanto, quando o aluno está num processo emocional que não compreende, ela impede a entrada e saída de conhecimento. Para o educador é importante compreender esse processo para saber se está instigando o aluno emocionalmente (o que ajuda a gravar o aprendizado no cérebro) ou causando apatia por oferecer uma experiência desestimulante.
- Motivação
“Da mesma forma que sem fome não apreendemos a comer e sem sede não aprendemos a beber água, sem motivação não conseguimos aprender”. A frase do neurocientista Iván Izquierdo explica o que os estudos já comprovaram: que no cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa que o que libera dopamina nos centros de prazer quando o aluno é afetado positivamente por algo. Tarefas muito complexas ou muito fáceis podem desmotivar o cérebro.
- Atenção
Fundamental para a percepção e para a aprendizagem, as pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram que o sistema nervoso central só processa aquilo a que está atento. Dessa forma, é importante que os educadores compreendam que a falta de atenção não é indisciplina ou de desinteresse e que ela pode acontecer pelo fato de o aluno estar um meio desestimulante ou de situações inadequadas à aprendizagem. Para aumentar a atenção é preciso que o professor foque na interação entre ele, o saber e o aluno.
- Plasticidade cerebral
O cérebro está em constante modificação, sendo assim interferências do ambiente no sistema nervoso causam mudanças anatômicas e funcionais no cérebro. É o caso da utilização do smartphone que mudou não apenas o comportamento social, mas o funcionamento cerebral. Por isso, cada vez mais, se fala em metodologias ativas de ensino para permitir que o aluno explore suas potencialidades.
- Memória
A ativação de circuitos neurais acontece em maior parte por associação, portanto quanto mais vezes o aluno for exposto ao assunto, mais estáveis e fortes as conexões sinápticas se tornam e, mais fácil é a memorização. Mais que decorar uma informação, o aprendizado acontece quando se procura criar vínculos ativos e relações com aquele conteúdo, portanto ela é mais efetiva na associação com um conhecimento já adquirido.
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O NOVO ALUNO: MAIS QUESTIONADOR, MAIS EXIGENTE, MAIS PARTICIPATIVO
Já para Alvaro Cruz, os alunos, a partir de todas as experiências vividas, será um elemento transformador fundamental dentro das escolas. “Eles voltam para a sala de aula muito mais questionadores com a forma de aprender e com um grande desejo de estar com o outro, o que vai provocar as instituições a repensarem”, destacou.
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Para ele existe também uma grande oportunidade para as instituições de ensino colocarem em prática o desenvolvimento socioemocional de maneira transversal e não mais apenas numa aula isolada, tornando a escola muito mais próxima dos estudantes e aproveitando a tecnologia para intermediar e potencializar esse aprendizado.
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2021