Aprender fazendo e novos espaços de aprendizado ajudam a transformar alunos em protagonista com muita prática e, porque não, diversão
Pense rápido: o que Steve Wozniak, co-fundador da Apple, Bill Gates, co-fundador da Microsoft, e Elon Musk, fundador da Tesla e do PayPal, tem em comum? Todos mostraram desde cedo uma vontade imensa de aprender, explorar e moldar o mundo ao seu redor, o que é pode ser chamado também de espírito maker.
Muito em alta nos últimos anos, o conceito de maker é antigo e data à Europa dos anos 20, com objetivo de recuperar equipamentos destruidos pela guerra, além de uma saída para a escassez de ferramentas, insumos e bens acabados. Mas a cultura maker ganhou força na década de 60, baseada nas filosofias “Do it Yourself” – DIY – (faça você mesmo) e “Do it Together” – DIT – (façamos juntos), que incentiva a produção prática e manual por parte de pessoas comuns, permitindo a elas fazer, criar, consertar e modificar objetos, desenvolvendo projetos com suas próprias mãos.
Não importa a área de interesse, seja culinária ou astrofísica. Para um maker não existem dúvidas, mas sim oportunidades para o aprendizado. Não existem desafios, existem projetos. E em cada um a alegria da descoberta. O orgulho por um objetivo alcançado. Novas habilidades conquistadas, que levarão a outros projetos ainda mais ambiciosos, em uma espiral que tem o poder de influenciar o desenvolvimento de um aluno e moldar carreiras.
Considerada uma reação ao paradigma da produção em série, a cultura e educação maker preconiza que qualquer pessoa é capaz de construir, consertar e alterar seus próprios projetos. E, se pode fazê-lo, pode também se reinventar e reinventar o mundo.
COMO O MUNDO EXPONENCIAL PEDE UMA EDUCAÇÃO 4.0
A cultura maker, entretanto, não contrária à teoria, mas foca na ideia central em aflorar habilidades no ser humano que ele, certamente, encontraria dificuldades caso aprendesse por meio de uma folha de papel.
Aprender fazendo tem permitido aos estudantes experimentar diferentes papéis e serem desafiados a pensar em soluções para os problemas distintos. Em um mundo cada vez mais competitivo, habilidades desenvolvidas com a educação maker, como pensamento crítico, solução de problemas, inventividade e trabalho em equipe são extremamente valorizadas.
“Faça! Fazer é a maior característica dos seres humanos. Nós temos que fazer, criar, e expressar nós mesmos, para nos sentirmos completos e felizes.”
Manifesto Maker
O PAPEL PRINCIPAL DA EDUCAÇÃO MAKER
O principal intuito em implementar a educação maker nas escolas, é fazer do aluno o protagonista do seu desenvolvimento intelectual, por meio de atividades desafiadoras, estimulantes para a solução de problemas e que serão fundamentais para o futuro.
Pare para pensar: não seria muito mais interessante aprender matemática por meio de uma atividade prática em que o aluno constrói um carrinho de brinquedo, por exemplo?
Pois é! Isso é inovação, um novo jeito de engajar o estudante, fazendo-o aprender com a “mão na massa” e de uma maneira tão divertida quanto desafiadora!
ESPAÇOS MAKERS NAS ESCOLAS
“A principal ferramenta numa proposta maker é a mudança de cultura dentro das instituições de ensino. Um espaço maker pode ser ao ar livre ou em uma sala tecnológica, mas é importante lembrar que maker não é um espaço é uma atitude, é uma forma empreendedora de fazer, de colocar em ação e trazer suas ideias pra realidade”, Fabio Zsigmond, co-founder do Mundo Maker.
ESPAÇO MAKER : A SALA DE AULA “MÃO NA MASSA” QUE PODOU OS LABORATÓRIOS DE INFORMÁTICA
Para ele é preciso transformar os espaços de aprendizagem para permitir que a escola se torne um lugar de experimentação, aprendizagem criativa e prática do conhecimento.
EDUCAÇÃO MAKER E A BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz um conjunto de 10 competências que devem ser desenvolvidas nos estudantes ao longo de toda a Educação Básica.
- Conhecimento
- Pensamento científico, crítico e criativo
- Senso estético
- Comunicação
- Argumentação
- Cultura digital
- Autogestão
- Autoconhecimento e autocuidado
- Empatia e cooperação
- Autonomia
Na BNCC competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. É neste contexto que a educação maker pode ser implementada na escola, aproximando o aluno da prática. Associar a BNCC e as competências esperadas à educação maker amplia as possibilidades de ação do professor, explorando espaços, cultura, envolvimento e interesse do aluno.
4 PILARES DA EDUCAÇÃO DA UNESCO
As competências básicas estão formuladas que proporcionam aos alunos um desenvolvimento de sua formação contextualizada com os pilares da educação apresentadas pela UNESCO.
Aprender a conhecer
Combinando uma cultura geral, suficientemente ampla, com a possibilidade de estudar, em profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida.
Aprender a fazer
A fim de adquirir não só uma qualificação profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e adolescentes, seja espontaneamente na sequência do contexto local ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
Aprender a conviver
Desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos
comuns e preparar–se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Aprender a ser
Para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. Com essa finalidade, a educação deve levar em consideração todas as potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
MANIFESTO MAKER
Faça
Fazer é a maior característica dos seres humanos. Nós temos que fazer, criar, e expressar nós mesmos, para nos sentirmos completos e felizes.
Compartilhe
Compartilhando o que você faz e o que você aprendeu sobre o que fez é a forma pela qual esta satisfação de fazer é percebida. Você não pode fazer e não compartilhar. Fica sem graça e sem sentido!
Presenteie
Há poucas coisas mais desprendidas e prazeirosas do que presentear com coisas que você mesmo fez! O ato de fazer coloca um pouco de você no objeto. Presentear alguém é como dar um pedaço do seu verdadeiro eu. Estes presentes em geral se tornam os bens mais estimados que possuem.
Aprenda
Você deve aprender para fazer o melhor possível. Você deve sempre buscar aprender mais sobre os seus feitos. Mesmo que você já seja um especialista ou um artesão experiente você ainda precisará aprender, querer aprender, e forçar-se a buscar novas técnicas, materiais e processos. Construir um caminho de aprendizagem ao longo da sua vida garante uma existência produtiva, e feliz.
Mude
Aceite as mudanças que naturalmente vão ocorrer enquanto você for avançando nesta missão. Uma vez que fazer é a principal característica dos humanos, você começará a estar cada vez mais parecido e conectado às coisas que você faz.
Erre
Seja tolerante com os seus erros, aprenda com eles, recomece! Atinja o grau de perfeição que você quiser, mas não deixe de fazer e refazer por medo de errar.
Equipe-se
Você deve ter acesso às ferramentas adequadas para os seus projetos. Investir e desenvolver acesso local a todas as ferramentas que você precisa para fazer o que você desejar fazer. As ferramentas nunca foram tão baratas, acessíveis, fáceis de usar e poderosas.
Divirta-se
Divirta-se com o que você estiver fazendo, e você vai se surpreender, e se orgulhar com o que vai descobrir.
Participe
Junte-se ao Movimento Maker e espalhe para todos a sua volta, o prazer de fazer. Participe de seminários, festas, eventos, feiras, exposições, aulas e encontros com outros makers e participe de grupos de discussão.
Apoie
Este é um movimento que exige apoio emocional, intelectual, financeiro, político e institucional. A melhor esperança de mudar o mundo somos nós, e nós somos os únicos responsáveis por fazer um futuro melhor.
21/05/2020