Lava uma mão, lava a outra, lava uma.
Se você leu cantando, provavelmente sabe onde aprendeu essa música e, por consequência, a importância de lavar as mãos. Também se lembrará de diversos assuntos que apareceram na sua infância e que se repetiram durante toda a sua vida.
Muitos dos seus aprendizados foram introduzidos quando você ainda era criança, mesmo que não tenha percebido. Observe durante a leitura deste texto quantos conceitos você aprendeu em casa antes de ter ido para a escola. Agora imagine também como a tecnologia pode incentivar e potencializar o aprendizado das crianças.
A escola é um lugar em que conseguimos ativar diversas áreas do cérebro responsáveis pela memória e pelo aprendizado. Porém, você pode ter aprendido a ler ou a fazer contas antes mesmo de ter ido à escola. Inclusive, deve ter tido contato com outros idiomas ou conceitos de física de maneira divertida e com a ajuda da tecnologia da época, como, por exemplo, a televisão.
Se você nasceu (ou viveu) nos anos 90, deve se lembrar de diversos conteúdos entregues pela televisão brasileira que estimulavam seu cérebro e, após iniciar sua vida escolar, vários deles vieram à tona. Enquanto assistia ao programa “Castelo Rá-Tim-Bum”, você aprendeu a lavar as mãos, mas também aprendeu sobre arte, música, ciências, tecnologia e até história. Você já percebeu isso?
Vamos analisar um trecho da música ‘Lavar as Mãos’ do grupo Palavra Cantada e que estava inserida no programa: “A doença vai embora junto com a sujeira; vermes, bactérias, mando embora embaixo da torneira”. Muito provavelmente você não percebeu a palavra “bactéria” na sua infância, mas ela estava lá e tida como algo ruim que estava na sua mão. Por isso, pergunte a uma criança: “O que é bactéria?”. Ela te responderá que é um bichinho que faz mal à saúde. Os alunos do Ensino Fundamental já podem contextualizar um pouco mais, dizendo que se trata de algo que auxilia na digestão e na produção de iogurte, conhecimento esse adquirido na escola ou ainda por meio de propagandas.
Mas se você perguntar a um estudante do Ensino Médio, ele responderá que são microrganismos unicelulares e procariontes, alguns dos quais são responsáveis por doenças e outros essenciais à vida. Nessa etapa do ensino, ele já aprendeu a classificar as bactérias. O que quero dizer com isso? Que a tecnologia não substitui o professor e, muito menos, a educação, porém ela é uma ferramenta de estímulo e que facilita o entendimento do aluno, além de ser cada vez mais requisitada no mundo em que vivemos.
Observe que, mesmo em uma situação totalmente passiva de espectador, você foi estimulado em diversas áreas em um único episódio do programa de televisão. Dos passarinhos que te ensinaram quais eram os instrumentos até a caixinha de música que mostrava danças típicas. Foi assim, aliás, que muitas crianças começaram o processo de musicalização, o que facilitou a aprendizagem durante as aulas de música.
Fomos apresentados a diversos conteúdos de maneira divertida, como quadros famosos na parede da sala do castelo de cujos detalhes os personagens faziam análises técnicas, desde as cores até as expressões das pinturas. Ao final, falavam o nome da obra e o seu respectivo pintor. Certamente isso facilitou muito o reconhecimento das obras quando você aprendeu os movimentos artísticos e as técnicas de pintura.
Tíbio e Perônio ensinavam diversos conceitos físicos e científicos. Tia Morgana apresentou inúmeras histórias e arrisco dizer que foi na TV que você ouviu falar pela primeira vez sobre Zumbi dos Palmares e na escola entendeu quem ele foi e a sua importância para o país.
Após ser exposto a esses assuntos, você foi para a escola e lá teve acesso ao conteúdo no ambiente formal. Por isso, considerar a utilização da tecnologia para fins educacionais é considerar a pluralidade de conteúdos, mostrando que eles estão conectados.
Isso também se apresenta nos mais variados termos da educação, como STEAM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática). Nessa linha de raciocínio, você pode observar que a integração de diversos assuntos estimula ainda mais o aluno a aprender, mesmo que seja apenas um primeiro contato com o conceito. Com o tempo, ele aprenderá mais, se aprofundará mais no conteúdo e conseguirá absorvê-lo com mais facilidade.
Desse modo, entendemos que a tecnologia já é utilizada para ensinar há muito tempo e que o aluno é influenciado (positivamente) por ela. Portanto, os professores precisam entender que a tecnologia é uma aliada para utilizar a infinidade de conteúdos disponíveis dentro da educação. Mais do que isso, é uma forma de gerar mais e mais conteúdo para que as crianças consigam aprender e sejam estimuladas, mesmo que cada um em sua casa. Do vocabulário aos conceitos, você percebeu como é possível aprender simplesmente assistindo a um programa? Imaginou então como a tecnologia pode promover as metodologias ativas?
* Jonatan Alan é engenheiro mecânico, analista de projetos LEGO® Education no Educacional e apaixonado por robótica e avaliação educacional.