Para os educadores, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um dos principais norteadores da prática pedagógica.
Homologada em 2017, ela define as competências e habilidades essenciais para o desenvolvimento do estudante, que devem ser trabalhadas em todo o território nacional.
Além de pontuar as competências específicas de cada série, o documento lista competências que são desenvolvidas ao longo da Educação Básica – as 10 Competências Gerais da Educação Básica.
Neste guia, vamos abordar todas as competências gerais, explicando o que elas significam e como colocá-las em prática na escola. Boa leitura!
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10 competências gerais da BNCC

As competências gerais da BNCC são conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que devem ser formados ao longo da Educação Básica (Educação Infantil ao Ensino Médio).
São competências fundamentais para o desenvolvimento dos alunos, na perspectiva de educação integral. Elas servem como um mapa para as escolas dos principais objetivos de aprendizagem.
Entenda cada uma delas abaixo.
1. Conhecimento
“Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”
A primeira competência geral é valorizar e utilizar conhecimentos. Seu foco está no campo cognitivo, na dimensão das ideias. Porém, tem uma implicação prática, pois visa a construção de uma sociedade melhor.
Talvez essa seja a competência mais previsível da BNCC. Afinal, o senso comum é que a escola é lugar de aprender. É onde as crianças expandem seus conhecimentos linguísticos, matemáticos e científicos! Tudo isso para entender o mundo e participar dele.
Como desenvolver na prática?
Para desenvolver essa competência, a escola deve criar oportunidades de construção do conhecimento (segundo a concepção pedagógica do construtivismo).
Ou seja, colocar os alunos em contato com novas informações sobre o mundo (físico, social, cultural e digital), para que eles modifiquem a estrutura de pensamento.
Todavia, os conhecimentos prévios dos estudantes não podem ser ignorados. Eles são um ponto de partida importante para a aprendizagem significativa.
Além disso, é preciso mostrar a utilidade do conhecimento, ou seja, sua aplicação prática na tecnologia, no mundo do trabalho e na vida em sociedade.
Nesse sentido, as aulas precisam “conversar” com o cotidiano dos alunos. O conteúdo deve se relacionar com o contexto do estudante (seus interesses, hábitos e desafios).
2. Pensamento científico, crítico e criativo
“Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.”
A segunda competência diz respeito à investigação científica. É esperado que o estudante seja curioso, analítico, crítico e reflexivo. Ele deve utilizar métodos científicos para descobrir as causas dos fenômenos naturais, bem como dos problemas sociais.
Mais que isso, ele precisa produzir soluções e melhorias. A habilidade de resolução de problemas é essencial para o desenvolvimento do estudante.
Como desenvolver na prática?
Diante de perguntas e situações-problema, as escolas devem incentivar os alunos a investigarem por si mesmos, ao invés de fornecer respostas prontas.
Como afirmou Jean Piaget, “quando você ensina alguma coisa para uma criança, lhe tira para sempre a oportunidade de descobrir por conta própria.”
Por isso, o professor precisa agir como um mediador da aprendizagem, e não como um orador. Seu papel é fazer perguntas direcionadoras, coordenar projetos e orientar os alunos.
Falando em projetos, os projetos interdisciplinares são uma ótima opção para desenvolver essa competência. A metodologia STEAM (Ciências, Tecnologias, Engenharia, Artes e Matemática) está ancorada na investigação e na resolução de problemas.
3. Repertório cultural

“Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.”
Outra prioridade da BNCC é a formação artístico-cultural. O contato com diversas manifestações artísticas e culturais deve fazer parte do dia a dia na escola.
Isso inclui textos literários, filmes, pinturas, comidas típicas, danças, músicas, festas populares, espetáculos de teatro… É direito da criança conhecer essas formas de expressão e participar delas como autora.
Essa aprendizagem visa tanto o enriquecimento individual quanto o fortalecimento coletivo, devido à valorização da diversidade. Experimentar todas essas formas de expressão cultural é uma forma de evitar o desrespeito e a discriminação.
Como desenvolver na prática?
Já é praxe a realização de eventos em datas comemorativas, como festas juninas, jogos interclasse e dia dos povos indígenas. A escola também pode organizar saraus, mostras de arte e feiras gastronômicas, a fim de divulgar as criações dos alunos.
Para alcançar a fruição artística, é importante dar lugar à escolha. Ou seja, deixar o aluno decidir qual obra de arte irá fazer e quais recursos irá usar. Nesse contexto, ele pode executar suas preferências, reconhecendo seus gostos pessoais.
Nas atividades artísticas e culturais, é preciso respeitar as crenças, origens e tradições de cada aluno, promovendo diálogo e tolerância.
4. Comunicação
“Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.”
A apropriação de diferentes linguagens, verbais e não verbais, é fundamental para a comunicação. Essa competência envolve não apenas a compreensão de um código, mas também a capacidade de utilizá-lo socialmente.
Ela inclui leitura e interpretação de texto, compreensão do outro, planejamento e organização da mensagem. Para se comunicar corretamente, o aluno também precisa se conhecer, ou seja, identificar seus sentimentos e opiniões.
Essa competência geral reconhece a autenticidade das linguagens corporal, visual, sonora e digital, além da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Como desenvolver na prática?
Em primeiro lugar, a criança precisa aprender os códigos linguísticos, matemáticos, artísticos e científicos.
Esse processo começa na alfabetização (em Língua Portuguesa e em Matemática) e se desenvolve ao longo da Educação Básica, com atividades de letramento, fluência leitora e pensamento matemático.
Merece destaque o letramento digital, cujo objetivo é capacitar os alunos a ler e escrever no contexto digital.
Para aprimorar a linguagem corporal, visual e sonora, é recomendado investir em aulas de Artes, música, dança e teatro.
5. Cultura digital

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
Outra competência geral da BNCC é o uso responsável de tecnologias digitais. Os alunos devem ser capazes de não apenas compreender e manusear essas ferramentas, como também criar novas soluções.
Afinal, as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) estão cada vez mais presentes no cotidiano, tanto no mercado de trabalho quanto no convívio social.
Essa realidade exige dos estudantes várias competências digitais, como:
- fazer pesquisas na Web;
- programação;
- uso de Inteligência Artificial;
- cultura digital,
- e pensamento computacional.
Essa competência vai além das habilidades técnicas. É preciso ter responsabilidade, protagonismo, ética, criatividade e senso crítico!
Como desenvolver na prática?
Os alunos estão rodeados de TDICs, mas nem sempre entendem como elas funcionam nem sabem como tirar melhor proveito delas. As escolas precisam ensinar sobre tecnologia com intencionalidade pedagógica.
Eis alguns temas essenciais para trabalhar:
- tecnologias assistivas;
- hardware e software;
- comunicação nas redes sociais;
- spam e fake news;
- segurança na Internet;
- cyberbullying;
- privacidade e tratamento de dados;
- codificação;
- funcionamento e desenvolvimento de máquinas;
- componentes de um robô;
- como programar um robô;
- recursos educacionais digitais;
- Inteligência Artificial;
- computação em nuvem;
- e análise de dados.
Esses temas podem ser abordados nas aulas da grade escolar ou em projetos extra-curriculares. Para ensinar programação, use kits de robótica educacional.
6. Trabalho e projeto de vida
“Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.”
As aprendizagens na escola devem ajudar o estudante a planejar seu projeto de vida. Para isso, ele precisa se conhecer, conhecer o mundo a sua volta e fazer escolhas autônomas.
O projeto de vida envolve tanto o planejamento de carreira quanto os objetivos pessoais. É um compilado de sonhos, valores, princípios e metas para o futuro.
Essa competência ressalta a relevância das escolhas individuais. Cada estudante tem seu próprio caminho, seus próprios interesses e intentos para vida. A escola deve dar conta dessa pluralidade, orientando os alunos nessa jornada.
Como desenvolver na prática?
É recomendado organizar palestras, visitas e rodas de conversa, com profissionais de diversas áreas, para promover o contato entre eles e os estudantes.
O Hub Educacional também possui um aplicativo que conecta os alunos a profissionais em conversas ao vivo. Nele é possível tirar dúvidas e explorar várias carreiras.
O autoconhecimento é peça-chave do projeto de vida. Nesse sentido, vale a pena fazer testes, questionários, listas de pontos fortes e fracos, desenhos e textos autobiográficos… Há muitas atividades para trabalhar.
7. Argumentação
“Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta”.
A sétima competência diz respeito à argumentação. Espera-se do aluno a capacidade de expor e defender ideias que façam sentido racionalmente.
É preciso organizar a mensagem, falar adequadamente e interagir com o ouvinte. Mais que isso, é desejado um posicionamento ético, que respeite os direitos humanos e o meio ambiente.
Como desenvolver na prática?
A argumentação é trabalhada especialmente nas aulas de Língua Portuguesa, Ciências Humanas e Ciências da Natureza.
Nessas aulas, os alunos devem conhecer:
- os elementos da argumentação (tese, embasamento e conclusão);
- os tipos de argumento (por autoridade, por evidência, de causa e consequência, entre outros)
- os tipos de raciocínio lógico (dedução, indução e abdução, por exemplo);
- e as fontes confiáveis de informação (como notícias, artigos acadêmicos, e pesquisas).
Além de apresentar essas informações, é recomendável realizar debates em sala de aula e análises de casos reais. Assim, os alunos podem aprender na prática como defender seus pontos de vista, de forma respeitosa e embasada em fatos.
8. Autoconhecimento e autocuidado
“Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.”
Um dos papéis da escola é ajudar o estudante a se conhecer e a se cuidar. Esse cuidado envolve a higiene, a alimentação, o conforto, a aparência, a saúde física, mental, sexual e reprodutiva.
No autoconhecimento, o objetivo é compreender as próprias emoções, valorizá-las e expressá-las corretamente. A construção da identidade exige um olhar para dentro, mas também um olhar para o outro, reconhecendo as diferenças.
Como desenvolver na prática?
O Hub Educacional possui atividades de educação socioemocional para desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Os conteúdos buscam gerar autoconhecimento e promover saúde mental.
Outra forma de destravar o autoconhecimento é realizar oficinas de criação artística.
No processo criativo, os alunos selecionam recursos variados que apontam para as suas preferências. Eles escolhem palavras, cores e formas que revelam suas ideias e sentimentos, até então despercebidas.
Também é importante compreender a diversidade de raças, culturas, religiões e identidades de gênero. O aluno pode explorar essas diferenças por meio de gráficos e estatísticas demográficas.
Outro ponto é conhecer as políticas públicas de saúde, como campanha de vacinação, campanha de combate à dengue, programa de assistência social e as farmácias populares.
9. Empatia e cooperação

“Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.”
A nona competência geral da BNCC é focada na socialização. Uma qualificação que não poderia faltar, já que o objetivo da educação é preparar o aluno para a vida em sociedade.
Desde a Educação Infantil, as crianças são ensinadas a reconhecer o outro e respeitá-lo (campo de experiência “o eu, o outro e o nós”). No Ensino Médio, vemos várias habilidades interpessoais, como colaboração, solidariedade, empatia, diálogo e tolerância às diferenças.
Os estudantes precisam compreender que não vivemos sozinhos. Somos dependentes uns dos outros para trabalhar, aprender, comer, se locomover, resolver problemas, criar tecnologias…
E os conflitos fazem parte desse convívio, inevitavelmente. Mas não precisam acarretar guerra, violência ou desrespeito. Há uma forma de lidar com os conflitos sem violar os direitos do outro.
Como desenvolver na prática?
O próprio convívio no ambiente escolar exercita as habilidades interpessoais dos estudantes. Contudo, essa interação requer supervisão, acompanhamento e, às vezes, mediação de conflitos.
A equipe de gestão precisa estar atenta ao clima escolar. No combate ativo à violência, o canal de denúncias anônimas é um bom começo.
Os profissionais da escola devem exercitar o olhar para identificar alunos isolados ou com problemas emocionais. Ofereça apoio a esses estudantes e converse com as famílias.
Os trabalhos em grupo também são ótimos para promover colaboração. No entanto, eles precisam ser bem administrados, incentivando a construção conjunta do conhecimento/projeto.
10. Responsabilidade e cidadania
“Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.”
Todos os conhecimentos e valores aprendidos na escola devem culminar em atitudes. Atitudes éticas, responsáveis, sustentáveis, democráticas e solidárias.
É esperado do estudante que ele não apenas compreenda o mundo, mas atue nele para fazer a diferença. E isso tanto a nível individual quanto coletivamente, em colaboração com seus pares.
Como afirma a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a educação “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Assim, as competências gerais da BNCC apontam para um estudante ativo, protagonista.
Como desenvolver na prática?
A escola deve incentivar o protagonismo juvenil na sala de aula, na gestão da escola e na comunidade local. Isso pode ser feito por meio de projetos sociais, projetos acadêmicos e clubes estudantis.
Aulas mais participativas, com metodologias ativas de aprendizagem, também contribuem para esse perfil. Por exemplo: Aprendizagem Baseada em Problemas, Aprendizagem Baseada em Projetos e oficinas maker.
Impulsione a sua escola com recursos digitais inovadores

Qual das competências gerais da BNCC sua escola precisa fortalecer? Cultura digital? Projeto de Vida? Veja abaixo como o Educacional pode te ajudar:
- Conhecimento: atividades online de todas as áreas do conhecimento;
- Pensamento científico, crítico e criativo: projetos de STEAM e cultura maker;
- Comunicação: livros digitais, aplicativos de correção de texto e projeto de escrita criativa;
- Cultura digital: aulas de robótica e programação;
- Trabalho e projeto de vida: aplicativo de orientação vocacional;
- Autoconhecimento e autocuidado: atividades online de educação socioemocional;
- Responsabilidade e cidadania: projetos de STEAM e cultura maker;
Para impulsionar qualquer uma dessas áreas, entre em contato com um dos consultores do Educacional. Leve as melhores soluções educacionais para a sua instituição.
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